O Capitalismo venceu? – Parte 2
A história recente e mesmo o que esperar de um futuro próximo não são evidentemente o foco do ensino da disciplina de História nas escolas públicas. Esta tarefa vemos reservada a grande mídia. Decerto recebem consultoria de acadêmicos, mas que em sua maioria parecem preferir se eximir da responsabilidade e declaram ser muito cedo para tirarmos conclusões. Porém, já houveram teóricos audazes que declararam o fim da história com a vitória do capitalismo após a queda do muro de Berlim. Militantes de esquerda não abrem mão de também criarem suas narrativas alternativas, mas não podem negar o processo de liberalização das economias russa e chinesa. Mesmo as críticas ao denominado socialismo real também não são fáceis de se ignorar. Mas o que é esse capitalismo que afirmam hegemônico atualmente?
Mesmo em sua origem o termo poderia ser entendido de muitas formas ou como a soma destas partes: a massiva produção industrial, as novas tecnologias financeiras e a ideologia burguesa. A produção industrial e as tecnologias financeiras avançaram e hoje estão presentes e asseguradas em praticamente todos os países do mundo. Mesmo criticadas por muito movimentos sociais, a esquerda no poder tratou de preservá-las e fortalecê-las.
Resta-nos compreender a que ainda se refere o conceito de ideologia burguesa. É possível se ouvir com frequência entre os círculos da esquerda críticas ferozes a burgueses, pequenos burgueses e a classe média. Cresce, em mídias independentes, o número de análises que visam responder porque “pobres” votam na “direita”. Chegam a conclusão de que isto ocorre graças a alienação destes e talvez seja justamente “alienação”, um importante conceito a ser retomado. O fato é que não podemos dizer, em nenhum sentido, nem em nível de consumo ou perspectiva da realidade, que a chamada classe média é igual aos pobres, as pessoas em situação de maior vulnerabilidade social, os marginalizados.
Assim, podemos supor que o que está prevalecendo não seja um regime ou ideologia específica, com estes em constante transformação, com antigos antagonistas se mesclando e consequentemente, se reinventando, mas sim a alienação, que pode se apresentar de duas formas, a alienação material, onde se pune por não cumprirem seus deveres mesmo aqueles que não tem seus diretos garantidos e a alienação intelectual, daqueles que não sabem que isto ocorre, como ocorre ou que isto seja ruim.
Marcelo Machado, cientista político pós-graduado pela PUC-SP, é pacifista e acredita na sociedade civil organizada como indutora de um desenvolvimento sustentável.
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