Prazer Feminino

Publicado por Revista Paná em

Vamos falar sobre a apropriação do Prazer Feminino? Existe o descaso, desinteresse, egoísmo, etc e tal que alguns homens tem para com o prazer feminino. Isso existe! E não estou invalidando, ok? Mas vamos levantar algumas questões que estão envolvidas na complexidade do nosso prazer, em gozar ou não gozar. Quem dera se fosse fácil, se tivesse sido fácil e se pudéssemos atribuir isso somente ao carinha que transamos. Não podemos! E não importa, muitas vezes, o quanto ele se esforce para nos ajudar. Temos que superar, por nós mesmas, e ressignificar as nossas questões, traumas e bloqueios.

Vamos começar pelo óbvio, pra mim, dentro da minha construção, ta? Você pode se identificar ou não, as questões são realmente e infelizmente, inúmeras. Bom, todos sabem da “historinha” da bíblia. Maria, Maria! Eis a mulher que engravidou virgem, isso, sem transar, ela concebeu Jesus Cristo sem se quer transar, quem dirá gozar! (Desculpe, se ofendo alguém, de novo, é só uma construção minha e de algumas tantas outras pessoas e que você não precisa levar em consideração, principalmente, se não te representar). Voltando… Há quanto tempo você escuta falar de satisfação sexual atribuída a mulher? Como o sexo foi significado para você? Quais foram as construções que você fez? Será que teve pecado envolvido? Sendo pecado, teve culpa? Você já ouviu prazer relacionado a Puta? Já se sentiu pressionada a ser Santa como Maria? Como você ouviu o sexo pela sua avó? Por que ela transava com o seu avô? Era por satisfação ou para manter o casamento e/ou para procriar? Você foi ensinada a transar para não perder o marido, independente do seu desejo? E sua mãe? Suas tias? Tantas outras mulheres que fizeram parte da construção da sua identidade… elas relataram prazer satisfatório para você? E seu pai, contribuiu positivamente para sua construção como mulher? Te apoio na sua transição de criança para mulher? Ou ele foi repressor, manipulador, machista, possessivo ou algo do tipo? Você já foi vitima de abuso sexual e/ou estupro na sua vida? O quanto você foi significada como somente um pedaço de carne?

Photo by Allef Vinicius on Unsplash

Pois bem, além de toda essa construção, porque constituí mesmo os nossos referências, tem outras questões a levarmos em conta. Você se masturbou durante a sua adolescência e/ou na sua infância? Se excitou? Gozou? Se sentiu culpada? Suja? Você nunca se masturbou? Você tem uma certa aversão a toques no seu corpo? Você aceita o seu corpo? Ou você ainda não o aceitou e no sexo tende a se preocupar em quais posições mais favorecem você? Você é performática e tenta corresponder ao papel imposto pelos referências da pornografia? Eles não são reais, sábia? E os caras que você transa… Você admira? Zelam por você? Te respeitam? Te deixam relaxada para você ser e se expressar como é? Se sente intimidada e inibida por eles? Como é e como foi a construção da intimidade de vocês? Tem afeto? Ele te afeta como? Vocês tem boas preliminares? Qual é a sua capacidade de se entregar ao seu próprio prazer? Você se masturba durante o sexo? Tem vergonha? Medo de julgamentos? Quais são os seus próprios julgamentos? Seu gozo é genital ou clitoridiano? Você esta excitada antes da penetração? Sua busca no sexo é por prazer ou por contato e afeto, e você não aprendeu a pedir, a não ser, trocando por sexo? Pois bem, amadas, são só algumas das questões envolvidas com o nosso prazer. Sim, culpa da sociedade SIM, da cultura SIM, da religião SIM, dos nossos pais (direta ou indiretamente) SIM! Do Patriarcado, Principalmente! Mas veja, hoje é de inteira responsabilidade nossa, nos limparmos de todos esses respingos que nos significaram direta ou indiretamente, e aprendermos, enfim, ressignificar o nosso prazer. Por nós mesmas, e não por um outro homem tão cheio de repressões e distorções, como as nossas, desprovido de ensinamentos também, pois eles, aprenderam sexo através da pornografia, provavelmente, e desvinculado de seus sentimentos e dos seus corpos. Afinal, homem não chora, não é mesmo?

Enfim, estamos todos cagados. Cada qual a sua maneira. Não é de interesse da sociedade constituir seres saudáveis, plenos e empoderados de seu prazer e de sua capacidade de amar. Não é interessante constituir pessoas livres. Quanto mais insatisfação, mais ganhos idiotas! Pessoas alienadas, isoladas, depressivas, ansiosas, consumistas, drogadas, compulsivas, perversas… isso sim, é interessante para que a sociedade continue “crescendo” em ritmo acelerado.

Acredite, você não esta sozinha! Você foi vítima de uma praga e não estará infectada para sempre. O antídoto esta na reivindicação dos nossos direitos! No nosso SIM interno! Lute por ele! Lute por si mesma! Nós somos a autoridade do nosso prazer!

Se puder, procure terapia/análise, uma sexóloga, terapeuta tântrica, psicanalista, etc… isso é de grande valia para fazermos uma análise de todas essas questões levantadas. Se não puder, pegue você mesmo um caderninho, questione-se, encontre suas crenças e derrube-as. Cresça no seu Empoderamento e Sagrado Feminino. É isso! Divinos Orgasmos para todas nós!

Íris Aparecida, Sexóloga e Terapeuta Corporal


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